Filipe Villegas
Estrategista de Ações
O mercado global atravessa uma fase de transição delicada, marcada pela incerteza quanto à intensidade da desaceleração nos Estados Unidos e pelos riscos fiscais em alta. A trégua tarifária entre EUA e China ajudou a conter parte da volatilidade de curto prazo, mas a imprevisibilidade na condução da política americana continua a gerar cautela entre os investidores.
Vemos oportunidades pontuais no setor de tecnologia dos EUA, onde ampliamos exposição aproveitando a resiliência das empresas de inteligência artificial e semicondutores. Já na Europa, valuations mais atrativos e uma política monetária acomodatícia criam um cenário favorável à diversificação, embora nossa posição siga moderada devido ao crescimento ainda frágil da região.
O real tem se beneficiado de um ambiente externo mais favorável, com o dólar global enfraquecido e expectativa de entrada de capital financeiro e produtivo. A boa performance das commodities agrícolas e metálicas fortalece os termos de troca, oferecendo suporte adicional à moeda brasileira.
Por outro lado, os riscos fiscais seguem no radar. A estratégia de ajuste baseada no aumento de receitas, como demonstrado pela alta do IOF, gera dúvidas sobre a sustentabilidade da trajetória da dívida pública, o que pode limitar o potencial de valorização dos ativos locais.
Em relação a Selic, dados de inflação mais benignos – IPCA-15 abaixo do esperado – demonstram diminuição da atividade, porém projeção para inflação acima do teto da meta, manutenção dos riscos fiscais e consumo doméstico resiliente ainda dão margem para mais um aumento na taxa de juros ainda esse ano.
Diante desse quadro, mantemos preferência por ativos pós-fixados na renda fixa.
Estados Unidos:nas últimas semanas de outubro, investidores começaram a se preparar para um possível “pivot do Fed”, que podemos traduzir como decisões de política monetária menos duras “dovish”. A primeira semana de novembro, quando teremos a reunião do FOMC, será essencial para o mercado confirmar essa tese. Nossa opinião é que existe uma boa possibilidade desse movimento ocorrer, o que seria positivo para ativos de risco, como ações e criptoativos. Porém, além da decisão do FOMC, é necessário que os dados da inflação e do mercado de trabalho contribuam para isso. Apesar dessa possível sinalização, ainda não estamos otimistas com todos os setores americanos. Assim, deveremos ser seletivos nas escolhas. A mudança da narrativa da inflação para a da recessão poderá possibilitar a abertura de oportunidades, mas que devem ser executadas com cautela.
Nos Estados Unidos, a narrativa de desaceleração econômica ganhou força em maio, apoiada por indicadores antecedentes e dados mais fracos de emprego e do setor imobiliário. O consumidor americano começa a sentir os efeitos dos juros elevados, enquanto a inflação dá sinais de arrefecimento. Esse contexto permitiu ao Federal Reserve adotar uma postura de “pausa vigilante”, mantendo os juros estáveis enquanto aguarda mais clareza sobre a economia.
As tensões comerciais, que dominaram o início do mês, perderam espaço após a trégua com a China. A retórica de Trump sobre tarifas contra Europa e Apple continua gerando incertezas. O destaque negativo foi a deterioração fiscal americana, com o rebaixamento pela Moody’s e o pacote expansionista “BBB” de Trump, que aumentou a preocupação com o déficit e a dívida pública. Esse cenário rompeu a correlação tradicional entre ações e Treasuries, pressionando os yields dos títulos de longo prazo.
Na Europa, há sinais de aceleração na economia alemã, impulsionada por consumo e exportações antecipadas diante da ameaça de tarifas. A região se beneficia de inflação controlada e pressões salariais moderadas, o que pode permitir ao BCE iniciar cortes de juros antes do Fed — algo não visto desde 2017. Já no Reino Unido, a surpresa inflacionária pode levar o Banco da Inglaterra a adiar o início do ciclo de afrouxamento. Mesmo assim, a Europa voltou ao radar de investidores em busca de diversificação.
Na China, a economia segue frágil, com deflação persistente sinalizando ociosidade e necessidade de novos estímulos. O país se beneficia da trégua comercial com os EUA, mas a desglobalização e a realocação de cadeias produtivas podem favorecer outros emergentes em detrimento da China no médio prazo. A combinação de desafios internos e mudanças estruturais no comércio global mantém a atenção dos investidores sobre os próximos passos de Pequim.
Renda Fixa: A estratégia de maio permanece válida, com a maior parte da alocação em títulos pós-fixados (indexados à Selic ou ao CDI), que oferecem boa rentabilidade com baixo risco no atual patamar de juros.
Empresas Internacionais: Recomendamos um aumento gradual da exposição em tecnologia, especialmente em teses ligadas à Inteligência Artificial, que continuam demonstrando forte potencial de crescimento. No entanto, a diversificação setorial é crucial, dada a concentração atual do S&P 500.
A carteira BDR 5+ apresentou uma baixa de -1,14% no mês de maio. No mesmo período, o Índice de BDRs (BDRX) obteve um desempenho positivo de 7,94%. No ano de 2025 a carteira apresenta rentabilidade baixa de -19,75% contra uma baixa de -8,81%, no mesmo período, do Índice de BDRs (BDRx). Em relação ao mês de maio, saíram as ações da Alibaba (BABA34), Berkshire Hathaway (BERK34), Mcdonald’s (MCDC34) e Pagseguro (PAGS34). Com Inclusão das ações da Adobe (ADBE34), Broadcom (AVGO34), Citigroup (CTGP34) e Pfizer (PFIZ34).
A Carteira BDR 5+ tem por objetivo superar a performance do Índice de BDRs Não Patrocinados-GLOBAL (BDRX) no longo prazo, onde, por critério de escolha, apenas BDRs de empresas com volume financeiro médio nos últimos 3 meses, superiores à R$ 1 milhão fazem parte do universo de escolhas.
A carteira RF+ apresentou uma alta de 1,12% no mês de maio. No mesmo período, o CDI obteve um desempenho positivo de 1,08%. No ano de 2025 a carteira apresenta rentabilidade positiva de 5,32% contra uma alta de 5,21%, no mesmo período, do CDI. Em relação ao mês de maio não houve alteração da carteira.
A Carteira RF+ tem por objetivo superar a performance do CDI no longo prazo, onde, por critério de escolha, apenas ETFs de Renda Fixa atrelados ao mercado brasileiro fazem parte do universo de escolhas. A carteira é elaborada com apoio e orientação do Estrategista Macro Roberto Motta.
Data base da informação: 02/2022. Rentabilidade passada não apresenta garantia de rentabilidade futura. A rentabilidade divulgada já é líquida da taxa de administração, mas não é líquida de impostos (IR e IOF), exceto para os Fundos de Debêntures Incentivadas. Leia sempre o prospecto e o regulamento antes de investir. Fundos de investimento não contam com garantia do administrador, do gestor, de qualquer mecanismo de seguro ou Fundo Garantidor de Crédito - FGC. Para a avaliação da performance de um fundo de investimento, é recomendável a análise de, no mínimo, 12 (doze) meses.