Filipe Villegas
Estrategista de Ações
O cenário internacional tem se apresentado com grande volatilidade, alternando guerras tarifárias, tensões geopolíticas e, agora, um novo foco na política monetária dos Estados Unidos. As bolsas globais mostram resiliência, enquanto o dólar perde fôlego, sinais de que os investidores procuram diversificar suas carteiras e encontrar oportunidades fora dos mercados tradicionais.
Estados Unidos
Os dados econômicos dos Estados Unidos enviam sinais mistos, mas o conjunto de indicadores revela um arrefecimento gradual da atividade. O ISM de Serviços entrou em terreno de contração, o ADP Employment ficou aquém das projeções e a confiança do consumidor recuou para o menor nível em anos, enquanto o mercado de trabalho perde fôlego e sugere alta na taxa de desemprego. Ainda assim, o payroll de 7 de junho mostrou que a economia permanece resiliente, atenuando parte das preocupações.
A inflação, medida pelo Core CPI e pelo Core PCE, tem surpreendido para baixo ou em linha com as expectativas, e, combinada aos sinais de desaceleração, abriu espaço para que membros do Federal Reserve indiquem apoio a cortes de juros já em julho ou setembro. O dot plot oficial ainda projeta dois cortes apenas em 2025, porém a divergência crescente entre os dirigentes, somada à defesa de ajustes mais agressivos por alguns deles, eleva a probabilidade de flexibilização monetária em prazo mais curto.
Brasil
A economia brasileira segue superaquecida, com o IBC-Br confirmando um segundo trimestre bastante robusto. A taxa de desemprego permanece em mínimas históricas, enquanto a massa salarial real continua em alta. Esse vigor, porém, tem um custo: o déficit em transações correntes subiu para 3,3 % do PIB em 12 meses até maio, influenciado pelo avanço das importações, o que revela uma demanda interna aquecida que a produção local não consegue atender.
Mesmo com a atividade forte, a inflação continua no radar. O IPCA de maio e o IPCA-15 vieram abaixo das projeções, com núcleos mais benignos, e o IGP-M de junho registrou deflação. Ainda assim, o Banco Central mantém uma postura firme, elevando a Selic para 15 % em junho e indicando que os juros devem ficar altos por um período prolongado, já que as expectativas de inflação superam a meta até 2027.
No campo político, a popularidade do governo Lula segue em queda e o Congresso evidenciou sua força ao derrubar o decreto do IOF, impondo uma derrota importante ao Executivo. Esse episódio expõe a fragilidade política do governo e limita a adoção de medidas econômicas fora do consenso. O quadro fiscal continua delicado, com o Brasil exibindo a maior deterioração nas projeções de déficit entre os países emergentes.
Estados Unidos:nas últimas semanas de outubro, investidores começaram a se preparar para um possível “pivot do Fed”, que podemos traduzir como decisões de política monetária menos duras “dovish”. A primeira semana de novembro, quando teremos a reunião do FOMC, será essencial para o mercado confirmar essa tese. Nossa opinião é que existe uma boa possibilidade desse movimento ocorrer, o que seria positivo para ativos de risco, como ações e criptoativos. Porém, além da decisão do FOMC, é necessário que os dados da inflação e do mercado de trabalho contribuam para isso. Apesar dessa possível sinalização, ainda não estamos otimistas com todos os setores americanos. Assim, deveremos ser seletivos nas escolhas. A mudança da narrativa da inflação para a da recessão poderá possibilitar a abertura de oportunidades, mas que devem ser executadas com cautela.
O dólar americano (DXY) tem se enfraquecido significativamente, atingindo o menor patamar desde 2022. Essa é uma tese central, pois um dólar fraco favorece o “carry trade” e impulsiona ativos de mercados emergentes. Há uma percepção de que o mundo busca reduzir sua exposição ao dólar, o que se reflete na superação das ações fora dos EUA em relação às americanas em 2025.
Bolsas europeias e setores de valor demonstram desempenho robusto, impulsionados, em parte, pela nova fase de expansão fiscal na Europa focada em defesa. A China enfrenta deflação persistente, e há sinais de que seu banco central está fortalecendo o Yuan para incentivar o consumo interno, o que também tende a beneficiar outras moedas emergentes.
As tensões geopolíticas no Oriente Médio parecem ter se estabilizado, com o petróleo recuando e o fluxo no Estreito de Ormuz normalizado. Isso remove um risco de curto prazo e permite que o mercado volte a focar nos fundamentos macroeconômicos.
Renda Fixa: A estratégia de maio permanece válida, com a maior parte da alocação em títulos pós-fixados (indexados à Selic ou ao CDI), que oferecem boa rentabilidade com baixo risco no atual patamar de juros.
Em renda fixa, seguimos com a estratégia do mês anterior, priorizando títulos pós-fixados diante das incertezas do cenário à frente. Para empresas internacionais, mantemos um viés otimista, acompanhando de perto os dados macroeconômicos e qualquer sinal negativo das companhias, especialmente durante a temporada de balanços nos Estados Unidos.
A carteira BDR 5+ apresentou uma alta de 0,96% no mês de junho. No mesmo período, o Índice de BDRs (BDRX) obteve um desempenho positivo de 1,55%. No ano de 2025 a carteira apresenta rentabilidade baixa de -18,98% contra uma baixa de -7,39%, no mesmo período, do Índice de BDRs (BDRx). Em relação ao mês de junho, saíram as ações da Adobe (ADBE34) e Palantir Technologies (P2LT34). Com Inclusão das ações da Advanced Micro Devices (A1MD34) e Asml Holding (ASML34).
A Carteira BDR 5+ tem por objetivo superar a performance do Índice de BDRs Não Patrocinados-GLOBAL (BDRX) no longo prazo, onde, por critério de escolha, apenas BDRs de empresas com volume financeiro médio nos últimos 3 meses, superiores à R$ 1 milhão fazem parte do universo de escolhas.
A carteira RF+ apresentou uma alta de 1,20% no mês de junho. No mesmo período, o CDI obteve um desempenho positivo de 1,04%. No ano de 2025 a carteira apresenta rentabilidade positiva de 6,58% contra uma alta de 6,36%, no mesmo período, do CDI. Em relação ao mês de junho não houve alteração da carteira, apenas dos pesos do ativos.
A Carteira RF+ tem por objetivo superar a performance do CDI no longo prazo, onde, por critério de escolha, apenas ETFs de Renda Fixa atrelados ao mercado brasileiro fazem parte do universo de escolhas. A carteira é elaborada com apoio e orientação do Estrategista Macro Roberto Motta.
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